Quando eu era criança as vezes sonhava que minha mãe, ou meu
pai, ou os dois juntos morriam. Outras vezes eram presos pela polícia. Acordava
aos prantos. Sensação de perda, insegurança, falta de proteção.
Sempre ouvi isso também de amigos. Esses sonhos devem ser
recorrentes em crianças, por algum motivo que hoje não tenho a explicação
lógica.
Dia desses, sonhei que minha mãe tinha morrido. Mas nesse
sonho, sua morte já havia passado uns 4 anos. Minha dor, lá no fundo, não era
pela perda recente, mas pela falta que eu sentia do abraço dela e pela
consciência que eu tinha naquele momento que nunca mais estaria envolta em seus
braços. Ainda naquele sonho, minha avó materna que já é falecida (a Vó Lydia,
fofa como só) me abraçava forte, tremia de tão forte que me apertava e dizia
pra eu não me angustiar que aquilo não seria pra sempre.
Acordei aquele dia com uma sensação diferente, uma
necessidade de estar com meus pais que desde criança não sentia. Amo eles
demais, mas depois que a gente casa, tem trabalho, filhos e casa para cuidar, a
gente acaba que por fazer “visitas” na casa dos pais “quando dá”.
Naquele dia tive a oportunidade de sentir, no fundo da minha
alma, o quanto eles são importantes e necessários na minha vida.
Após o trabalho fiquei lá, plantada na casa deles, tomando
um chimarrão com meu pai e esperando a mãe chegar, pra dar nela o mais apertado
e demorado abraço da minha vida. Contei sobre o sonho e disse com todas as
letras o quanto eles são importantes pra mim, agradeci por tudo que fizeram por
nós e o quanto eu os admirava pelas pessoas que são. Sempre que posso falo pra
eles que os amo, mas dessa vez foi diferente, foi com a maior certeza e
sentimento do que nunca... e daquele abraço eu jamais vou esquecer.
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